![]() Um censo a 500 estrelas, 70 das quais com sistemas planetários, conseguiu estabelecer uma relação entre a presença de planetas e o défice de lítio que se conhece no Sol. A descoberta, publicada na revista Nature de 12 de Novembro, foi feita por uma equipa da qual fazem parte Nuno Cardoso Santos e Sérgio Sousa (Centro de Astrofísica da Universidade do Porto – CAUP). “Durante quase 10 anos tentámos descobrir o que distingue estrelas com planetas das suas irmãs ''solteiras'' ”, disse Garik Israelian. Com base na monitorização durante vários anos, feita pelo o espectrógrafo HARPS (ESO), Israelian afirma “Agora descobrimos que nas estrelas do tipo solar, a quantidade de lítio depende da presença de planetas”. Há décadas que se sabe que algumas estrelas do tipo solar (incluindo o Sol) têm quantidades de lítio inferiores ao esperado. Até agora não se conhecia a razão para apenas uma parte destas estrelas terem falta desse elemento. Com base neste estudo Israelian comenta “Para nós, a explicação para este mistério com mais de 60 anos é simples – o Sol tem falta de lítio porque tem planetas”. Os elementos leves como o lítio, berílio e boro não são produzidos em quantidades significativas nas estrelas. O lítio terá sido formado logo a seguir ao Big Bang e por isso todas as estrelas deveriam ter as mesmas percentagens deste elemento, a não ser que algo tenha provocado a sua destruição no interior da estrela. “Tal como o nosso Sol, as estrelas com planetas destruíram de maneira muito eficiente o lítio que herdaram à nascença. Com base na nossa amostra, podemos provar que a redução de lítio não se deve a nenhuma outra propriedade das estrelas, como por exemplo a idade”, disse Nuno Santos. Como a quantidade de lítio pode ser medida através de espectroscopia, a relação entre o défice de lítio e a presença de sistemas planetários fornece aos astrónomos uma maneira bastante eficiente de escolher quais as estrelas do tipo solar à volta das quais é mais provável orbitarem planetas. Agora que foi estabelecida essa relação é preciso ainda encontrar os mecanismos físicos responsáveis por este comportamento. “Há várias formas de um planeta afectar o movimento do plasma estelar e a distribuição de elementos na estrela, de modo a provocar a destruição do lítio. Agora é trabalho dos teóricos perceberem qual será o mais provável”, conclui Michel Mayor. Para mais informações consulte: Notas: Contactos: |
1. Imagem artística da formação de um sistema planetário. (© L. Calçada/ESO) |
2. Abundância de Lítio em estrelas do tipo solar, em função da temperatura. (G. Israelian et al.) |