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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
8 fevereiro 2011

A 6 de fevereiro de 2011 as sondas espaciais gémeas STEREO (NASA) colocaram-se em lados opostos do Sol e estão agora a transmitir imagens que nos mostram toda a nossa estrela.

“Pela primeira vez podemos ver e acompanhar a atividade solar em toda a sua glória a três dimensões.”, afirma Angelos Vourlidas, membro da equipa científica da STEREO no Laboratório de Pesquisa Naval de Washington, DC (EUA). “Este é um momento importante para a física solar. A STEREO revelou o Sol como ele realmente é - uma esfera de plasma quente com um emaranhado tapete de campos magnéticos.”

Cada sonda STEREO fotografa metade do Sol, estas imagens são depois transmitidas para a Terra e combinadas pela equipa de investigadores para assim se produzir uma imagem única - uma esfera. Mas as fotografias não são exatamente normais, pois cada um das sondas consegue detetar quatro comprimentos de onda, na gama do ultravioleta extremo. Nesta gama de comprimentos de onda é possível detetar aspetos essenciais da atividade solar como “flares”, tsunamis e filamentos magnéticos.

Com a ajuda da STEREO os cientistas conseguem ter uma visão do Sol de 360 graus, enquanto que no passado isto não era possível - só metade da estrela era observada a cada momento. Quando surgia uma mancha solar no lado do Sol oposto ao da Terra não era possível vê-la. Só quando a rotação do Sol a tornava visível era possível perceber se esta região iria produzir “flares”, nuvens de plasma ou mesmo ejeções de matéria coronal que podem ser libertadas na direção da Terra e provocar problemas em satélites ou centrais de produção de energia elétrica. Agora é possível acompanhar toda a atividade solar e prever, com maior antecedência e precisão, este tipo de fenómenos. Os cientistas solares suspeitam que a atividade solar é muitas vezes global: uma erupção num lado do Sol pode desencadear ou alimentar outras no lado oposto.

O investigador do CAUP, João Lima, observa ainda que “Com a STEREO conseguiremos, pela primeira vez, observar a face do Sol oposta à Terra. Tal será extremamente importante pois, por um lado, poderemos observar com maior antecedência ejeções de matéria coronal ou explosões, como "flares" solares que ocorram "do outro lado do Sol" e que, devido à rotação da nossa estrela, passem para a face virada à Terra. Por outro lado, poderemos compreender melhor fenómenos que envolvem regiões ativas no Sol, fisicamente muito afastadas umas das outras, mas ligadas entre si pelo campo magnético solar.”

O Centro Para a Previsão do Clima Espacial do NOAA, em Boulder no Colorado (EUA) está já a usar os modelos 3D da STEREO de ejeções de matéria coronal para melhorar as previsões relacionadas com a climatologia espacial que são usadas pelas companhias aéreas, centrais elétricas, operadoras de satélites e outros.

As duas sondas espaciais não terminaram ainda a sua missão, vão continuar o seu percurso e dirigem-se agora para o lado oposto do Sol. No entanto, o satélite da NASA, Solar Dynamics Observatory (SDO), lançado há um ano e que se encontra numa órbita geo-síncrona, trabalhará com a STEREO para que esta visão global e contínua do Sol prossiga.

Vídeos:
O Sol em 360 graus - compilação dos dados obtidos pelas STEREO
A órbita contínua das sondas STEREO: de 2011 a 2019

Para mais informações:
NASA Science News
STEREO
BBC News
NASAexplorer

1. Imagem artística que mostra a posição das sondas STEREO em lados opostos do Sol. (©NASA) 2. Imagem de alta resolução do Sol obtida com os dados da STEREO a 2 de fevereiro de 2011. (©NASA)