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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
6 dezembro 2005

Com a ajuda do instrumento AMBER, recentemente instalado no Very Large Telescope Interferometer (ESO) e que combina a luz proveniente de dois ou três dos telescópios do VLT, dois grupos de astrónomos conseguiram observar com grande detalhe duas diferentes estrelas. Uma das estrelas está ainda em pleno processo de formação, enquanto que a outra se encontra nos estágios finais da sua vida. Em ambas foram detectados discos, ou seja, ambas estão rodeadas por material.

O grupo de astrónomos liderado por Fabien Malbet, do Laboratório de Astrofísica de Grenoble (França), observou a estrela MWC 297, que é uma estrela muito jovem. A quantidade de detalhes e informação obtida pelo grupo de investigadores foi impressionante, tendo em conta que o objecto de estudo se encontra a 800 anos-luz de distância, envolvido por uma grande quantidade de gás e poeira. O que envolve a MWC 297 é um disco que terá a dimensão do nosso Sistema Solar, mas que na sua região interior se encontra truncado.

Esta protoestrela também produz um vento cuja velocidade varia de um factor de 9: na região próxima do disco a velocidade é de 70 kms-1, enquanto que nas regiões polares a velocidade atinge valores próximos de 600 kms-1. Não se sabe ainda porque o disco protoplanetário se encontra truncado e também falta perceber toda a física que envolve este ambiente. Perceber o que está a acontecer neste disco protoplanetário poderá ser importante para entender as condições que levam à formação de planetas, por isso em breve novas observações serão feitas com o AMBER.

A outra equipa de astrónomos tinha como alvo das observações uma estrela supergigante do tipo B[e] que é 10.000 vezes mais luminosa do que o Sol e se encontra no final da sua vida. Esta estrela está dez vezes mais longe da Terra do que a MCW 297, a 8.000 anos-luz de distância. As observaçaões tinham como objectivo perceber a origem, geometria e estrutura física do envelope que rodeia a estrela. Com a ajudar do AMBER foi possível distinguir estruturas separadas por 1.8 milionésimos de arcosegundo, o que é equivalente a distinguir entre dois faróis de um carro que se encontra a 230.000 quilómetros de distância (cerca de 2/3 da distância entre a Terra e a Lua). Armando Domiciano de Souza, do Instituto Max Planck para Radioastronomia em Bona (Alemanha), e os seus colegas de equipa utilizaram um outro instrumento do VLTI para complementar as observações - o MIDI. Combinando todos os dados obtidos perceberam que o envelope que envolve a supergigante não é esférico, muito provavelmente porque a estrela também se encontra rodeada por um disco equatorial composto por poeira quente e um intenso vento polar. Estas observações levarão a uma melhor compreensão do complexo ambiente que envolve estas duas estrelas.

1. Objecto estelar MCW 297 (visão artística). (©ESO) 2. A estrela supergigante CPD -57º 2874 (visão artística). (©ESO)