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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
29 setembro 2011

Há 150 anos o astrónomo inglês Richard Carrington descobriu as flares solares. Tudo aconteceu na manhã de 1 de setembro de 1859. Como era habitual num dia de céu limpo, o astrónomo solar de 33 anos estava ocupado no seu observatório privado a projetar uma imagem do Sol num ecrã e a desenhar o que observava. Naquela manhã em particular ele delineou os contornos de um grande grupo de manchas solares. De repente, perante os seus olhos, dois brilhantes pontos de luz surgiram sobre as manchas solares; eram tão brilhantes que ele mal conseguia olhar para o ecrã. Carrington ainda chamou outras pessoas para que testemunhassem o fenómeno mas, quando chegaram, já o brilho tinha desaparecido.

Desde 1859 até agora já se registaram milhares de flares solares com a ajuda de instrumentos que vão desde o simples telescópio caseiro até aos modernos observatórios espaciais. Depois de todo este escrutínio poderia supor-se que este seria um fenómeno sem surpresas para os cientistas, mas aparentemente não é bem assim: “Descobrimos que algumas flares são muito mais intensas do que se pensava”, afirma o físico Tom Woods da Universidade do Colorado (E.U.A.), que liderou a esquipa de investigadores. “As flares solares já eram as maiores explosões no Sistema Solar e esta descoberta torna-as ainda mais intensas”.

Esta descoberta foi feita com a ajuda de observações levadas a cabo pelo Observatório Espacial SDO (NASA): A cada uma em sete flares está associada uma réplica. Cerca de 90 minutos após o final de uma flare, esta volta a libertar energia na banda do ultravioleta. “Estamos a designar este fenómeno por ‘flare de fase tardia’”, afirma Woods. “A energia na fase tardia pode exceder a energia da primeira flare por um fator de quatro”.

O que causa esta fase tardia? As flares solares têm lugar quando os campos magnéticos das manchas solares irrompem - um processo denominado “re-conexão magnética”. Pensa-se que a fase tardia poderá estar relacionada com a formação de novos arcos magnéticos nas manchas solares. O diagrama produzido por Rachel Hock da Universidade do Colorado (E.U.A.), ilustrado na figura 2 mostra como isto acontece.

A energia extra que se forma na fase tardia pode ter um grande efeito na Terra. Radiação ultravioleta extrema é particularmente eficaz a aquecer e ionizar a camada superior da atmosfera terrestre. Quando a nossa atmosfera aquece por causa de radiação ultraviotela extrema, incha, o que pode afetar satélites em órbita baixa. A ionização por ação de radiação deste tipo pode curvar sinais rádio e interferir com a normal operação do GPS.

Este trabalho de investigação será publicado na edição de 1 de outubro de 2011 da revista científica Astrophysical Journal.

Para mais informações
NASA ScienceNews
SDO

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Grandes Manchas Solares

1. Manchas solares desenhadas por Richard Carrington a 1 de setembro de 1859. (Royal Astronomical Society) 2. Diagrama produzido por Rachel Hock, da Universidade do Colorado (E.U.A.), que mostra a evolução de uma flare solar. (NASA / SDO / AIA / R. Hock / University of Colorado)