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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
13 dezembro 2013

Este ano o Programa de Estímulo à Investigação da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) recebeu 44 candidaturas, tendo atribuído 8 bolsas. Um dos galardoados foi José Pedro Vieira, aluno do mestrado em Física da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), que já colabora com o CAUP1 desde o 2º ano da sua licenciatura em Física, primeiro através de uma Bolsa de integração na investigação (BII) do CAUP, e depois através do Programa de Estágios Extra-curriculares (PEEC) da FCUP.

Durante o próximo ano, como parte da sua tese de mestrado, ele irá desenvolver no CAUP um projeto de investigação intitulado “Cosmic Superstrings in the Planck Era”, sob a orientação do Doutor Carlos Martins (CAUP).

Numa frase, o objetivo deste projeto é tentar estudar implicações cosmológicas (e assinaturas observacionais) da hipótese de existência de redes de supercordas cósmicas2”, esclarece José Pedro Vieira, acerca do trabalho que irá desenvolver.

Já no ano passado uma destas bolsas da Gulbenkian foi atribuída a Cláudio Gomes, que desenvolveu no CAUP o projeto de investigação intitulado “O Impacto da Energia Escura na Dinâmica de Enxames de Galáxias”. Neste projeto foram investigadas assinaturas observacionais da existência de flutuações na densidade de energia escura3, e da interação entre energia e matéria escura4, algo que poderá ser essencial para a futura missão Euclid, da Agência Espacial Europeia (ESA), à qual o CAUP está afiliado.

O Programa de Estímulo à Investigação da Gulbenkian tem como objetivo estimular a criatividade e a qualidade na investigação científica entre os mais novos, distinguindo anualmente propostas de investigação de elevado potencial criativo. Estes projetos contemplam diversas áreas científicas, como Matemática, Física, Química ou Ciências da Terra e do Espaço. O Programa integra ainda a respetiva execução em centros de investigação portugueses.

Notas:

  1. O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) foi criado em maio de 1989 e iniciou as atividades em outubro de 1990. É uma associação científica e técnica privada da Universidade do Porto, sem fins lucrativos e reconhecida de utilidade pública. Inscreve entre os seus objetivos apoiar e promover a Astronomia através da investigação científica, da formação ao nível pós-graduado e universitário, do ensino da Astronomia ao nível não universitário (básico e secundário) e da divulgação da ciência e promoção da cultura científica.
    É o maior instituto de investigação em Astronomia em Portugal, com mais de 60 pessoas. Desde 2000 que é avaliado como "Excelente" por painéis internacionais, organizados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
  2. As Cordas Cósmicas são defeitos topológicos, que se terão formado durante a quebra de simetria associada a uma transição de fase, nos primórdios do Universo. Estas cordas deverão ser extremamente finas, mas de enorme densidade. Estes defeitos são semelhantes às rachadelas que se formam no gelo, na transição de fase da água líquida para sólida. Já a teoria de Supercordas postula que as partículas fundamentais do Universo (como os electrões ou quarks) são estados de oscilação de pequenos segmentos unidimensionais fechados e extremamente pequenos – supercordas. Mais recentemente percebeu-se que em algumas circunstâncias a expansão do universo pode esticar estas cordas infinitesimais até terem escalas cosmológicas – Supercordas cósmicas – que se comportam de maneira semelhante às cordas cósmicas “normais”.
  3. A energia escura é uma misteriosa forma de energia que provoca a expansão acelerada do Universo. A sua natureza é ainda um mistério, mas pensa-se que corresponderá a 73% de tudo o que compõe o Universo (com a matéria escura a representar cerca de 23% e a matéria “normal”, apenas 4%).
  4. A matéria escura é um tipo de matéria que não emite nem absorve radiação em qualquer parte do espectro eletromagnético. Apesar de, por isso, não poder ser detetada diretamente por telescópios, a sua gravidade provoca efeitos detetáveis na matéria visível. A matéria escura deverá constituir cerca de 23% de tudo o que compõe o Universo (com a matéria “normal” a corresponder a apenas 4%, e a energia escura a cerca de 73%).
1. José Pedro Vieira 2. Simulação da uma rede de supercordas cósmicas. Imagem: Carlos Martins (CAUP)