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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
17 agosto 2006

Um invulgar sistema estelar, constituído por duas estrelas de diferentes cores, que orbitam uma em torno da outra, foi recentemente descoberto por uma equipa de astrónomos com a ajuda do telescópio VLT - Very Large Telescope, do ESO. Uma das estrelas é uma anã branca, muito quente e com uma massa semelhante a metade da massa do Sol, enquanto que a outra é uma anã castanha, bem mais fria e com uma massa correspondente a 55 massas de Júpiter.

"Um sistema deste tipo terá vivido uma história atribulada", afirmou Pierre Maxted (Keele University, Reino Unido), autor principal do artigo onde esta descoberta é apresentada. "A sua existência prova que a anã castanha sobreviveu, inalterada, ao facto de ter sido engolida por uma gigante vermelha."

Os dois objectos encontram-se separados por cerca de 463.000 quilómetros (cerca de 2/3 do raio do Sol), e orbitam um em torno do outro a cada 2 horas. A anã castanha desloca-se na sua órbita a uma velocidade incrível: 800.000 quilómetros por hora!

No passado as duas estrelas não se encontravam tão próximas. Só quando a estrela do tipo solar, que agora se transformou numa anã branca, passou para a fase de gigante vermelha, é que a separação entre os dois objectos diminuiu drasticamente. Durante esta fase, a gigante envolveu por completo a sua companheira. A anã castanha terá posteriormente, e de forma lenta, espiralado em direcção ao núcleo da gigante. O envelope da gigante foi mais tarde ejectado, deixando atrás de si um sistema binário no qual a companheira anã castanha ficou posicionada numa órbita muito próxima da anã branca. "Se a estrela companheira tivesse uma massa inferior a 20 massas de Júpiter teria evaporado durante a fase de ejecção do envelope da gigante vermelha", afirmou Maxted.

No entanto, o infortúnio da anã castanha ainda não terminou. A Teoria Geral da Relatividade de Einstein prevê que a separação entre os dois objectos continue a diminuir lentamente com o tempo. "Assim, durante os próximos 1.4 mil milhões de anos, o período orbital diminuirá para cerca de 1 hora", afirmou Ralf Napiwotzki, da Universidade de Hertfordshire (Reino Unido), e co-autor do artigo. "Nessa fase, os dois objectos estarão tão próximos que a anã branca funcionará como um "aspirador" gigante, extraindo gás da sua companheira, num acto de "canibalismo" cósmico.

Para mais informações
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-28-06.html

1. Visão artística do sistema binário agora descoberto. (©ESO) 2. Simulação de computador que ilustra a interacção. (©Steven Diehl, Chris Fryer, Falk Herwig, e Gabriel Rockefeller/LANL & ESO)