Júpiter: o mistério da banda desaparecida

1. Júpiter: em Agosto de 2009 e Maio de 2010. (Anthony Wesley)

2. A Grande Mancha Vermelha, rodeada de branco. (Anthony Wesley)

31 maio 2010

O planeta Júpiter tem algumas “imagens de marca” fáceis de detectar a partir da Terra com um pequeno telescópio ou mesmo com um bom par de binóculos: duas bandas paralelas que se encontram um pouco acima e abaixo (respectivamente) da linha do equatorial do planeta. Uma delas, a banda equatorial Sul, desapareceu há já alguns dias.

A banda equatorial Sul é uma larga banda de nuvens, transversal e de cor acastanhada. Tem uma largura equivalente a dois diâmetros da Terra é um comprimento equivalente a vinte Terras alinhadas, e neste momento, não se consegue observar no planeta. Alguns astrónomos suspeitam que a banda de nuvens poderá apenas estar escondida por baixo de outras nuvens mais altas.

“É possível que alguns cirros de amoníaco se tenham formado em cima da banda equatorial Sul, tapando-a”, afirma Anthony Wesley, astrónomo amador australiano. Na Terra, as nuvens tipo cirro são constituídas por cristais de gelo. Em Júpiter o mesmo tipo de nuvens pode formar-se, só que em vez de gelo temos amoníaco (NH3). Mas o que terá causado uma tal vaga de cirros de amoníaco? O cientista planetário Glenn Orton do JPL (NASA), suspeita que terão sido mudanças dos padrões globais do vento a origem deste desaparecimento. As mudanças podem ter trazido materiais ricos em amoníaco até à região fria e sem nuvens que existe imediatamente acima da banda equatorial Sul, o que deu origem a condições ideais para a formação de nuvens de grande altitude, constituídas por cristais de amoníaco.

A atmosfera do grande planeta gigante é, ela própria, um enorme mistério: não se sabe exactamente porque é vermelha a Grande Mancha Vermelha; nem o que mantém estáveis durante tanto tempo algumas das tempestades em Júpiter; ou porque é que as bandas equatoriais são castanhas; ou porque é que, por vezes uma delas desaparece, enquanto que a outra permanece igual... a lista é longa.

Esta não é a primeira vez que a banda equatorial Sul deixa de ser visível: “Ela parece desvanecer em intervalos irregulares, mais recentemente em: 1973-75, 1989-90, 1993, 2007, 2010”, afirma John Rogers, director da secção dedicada a Júpiter da British Astronomical Association. O regresso da banda equatorial Sul poderá ser um evento algo dramático, “Podemos esperar espectaculares tempestades e vórtices, à medida que a banda volta a reaparecer”, afirma Rogers. Tem sempre início num ponto único, e depois uma perturbação começa a espalhar-se à volta do planeta, a partir desse ponto. No entanto, não é possível prever quando acontecerá este ressurgimento, tendo em conta os precedentes históricos pode ser a qualquer momento, entre hoje e os próximos dois anos.

Para mais informações:
http://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2010/20may_loststripe/
Imagens de Júpiter ao longo dos últimos meses