Duas origens para as Supernovas tipo Ia

1. Os dois modelos de formação de Supernovas do tipo Ia. (ESO, GSFC/D.Berry)

2. A remanescente de Supernova Tycho, observada em raios X pelo telescópio espacial Chandra. (NASA / CXC / Rutgers / K. Eriksen / DSS)

10 maio 2012

Um estudo, liderado por Ryan Foley (Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, EUA) mostra que ambas as teorias para a origem de Supernovas do tipo Ia estarão corretas.

Um dos consensos acercas da origem das explosões de Supernovas do tipo Ia é a presença de uma estrela anã branca, uma estrela extremamente densa, sensivelmente do tamanho da Terra, formada por Carbono e Oxigénio. Para dar origem a uma explosão, essa estrela tem de obter matéria suficiente para explodir.

A divergência entre as duas teorias diz respeito a como essa material é obtido: Uma das teorias defende que a anã branca “rouba” gás de uma companheira maior, enquanto a outra teoria defende que o acréscimo de matéria é obtido pela fusão de duas anãs brancas. No primeiro caso é possível detetar o gás proveniente da estrela companheira, enquanto no segundo caso, não há nenhum gás para detetar.

Foley e a sua equipa procuraram detetar esse gás em 23 Supernovas do tipo Ia, mas detetaram-no apenas numa fração da amostra. “Definitivamente há dois tipos de ambientes – com e sem gás. E ambos são detetados nas Supernovas to tipo Ia. Estudos anteriores deram-nos resultados discordantes, mas essa discordância não se verifica se os dois tipos de explosão realmente ocorrem”, comentou Foley.

Supondo que têm sempre a mesma origem, as Supernovas do tipo Ia têm sempre o mesmo comportamento e máximo de brilho, pelo que a diferença de brilho medida só varia com a distância a que a supernova se encontra. Por essa razão, as Supernovas do tipo Ia são amplamente usadas em Astronomia como “velas padrão”. Estas podem também ser usadas para calcular velocidades, o que permitiu a descoberta da expansão acelerada do Universo, distinguida com o Prémio Nobel da Física de 2011.

É preciso agora determinar se as diferentes origens provocam ou não supernovas com comportamentos diferentes. Segundo o Astrónomo do CAUP, Pedro Avelino: “o impacto desta descoberta no uso das supernovas tipo Ia como velas padrão, só existe se se encontrar uma diferença significativa entre a luminosidade das supernovas produzidas pelos dois mecanismos. Aparentemente, essa diferença ainda não foi determinada.”

O artigo “Linking Type Ia Supernova Progenitors and their Resulting Explosions” (Foley, et al.) foi aceite para publicação na revista “Astronomy&Astrophysics”.

Mais informações
Comunicado de Imprensa CfA
Artigo científico
Video do modelo de acreção
Video do modelo de fusão