Maiores especialistas mundiais em exoplanetas reunidos no Porto

Poster da Conferência

11 setembro 2014

De 15 a 19 de setembro, o Porto será a capital mundial da investigação em planetas extrassolares, com a realização da conferência internacional Towards Other Earths II: The Star-Planet Connection no Rivoli Teatro Municipal. A conferência é organizada pelo Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP1).

Nesta conferência estarão presentes mais de duzentos investigadores da área dos exoplanetas, provenientes dos mais importantes centros de investigação a nível mundial, como os da NASA (Ames e JPL), ESO, ESA, Instituto Max-Planck para a Astronomia (MPiA), Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), U. Cambridge ou MIT, entre outros.

Portugal está também na linha da frente da investigação nesta área, como comenta Nuno Cardoso Santos (IA2/CAUP), um dos organizadores da conferência: “A forte participação nacional em missões da ESA, como o PLATO3 e o CHEOPS4, complementada com outros projetos, tais como os espectrógrafos ESPRESSO5 para o VLT e HIRES para o E-ELT, garante que temos a possibilidade de nos manter na “crista da onda” desta investigação durante muitos mais anos.”

O objetivo da conferência é rever o conhecimento atual sobre a ligação entre estrelas e planetas, com algum foco na deteção e caracterização de exoplanetas semelhantes à Terra, além de sugerir o caminho a seguir para a investigação nesta área, e tentar determinar quais os desafios para os próximos anos.

No dia 18 pelas 21h00, paralelamente à conferência, realiza-se o debate público “Exoplanetas: A perspetiva humana na busca de novos mundos”. Neste debate, aos astrofísicos Nuno Cardoso Santos (IA/CAUP) e Natalie Batalha (co-investigadora da missão espacial Kepler, da NASA), juntam-se representantes das áreas da Arte, Biologia, Cinema e Filosofia.

Que impacto tem a descoberta de planetas extrassolares na sociedade atual? E como reagirá a sociedade do futuro quando finalmente descobrirmos exoplanetas com características semelhantes à Terra, e potencialmente capazes de albergar vida como a conhecemos? Estas são algumas das perguntas para as quais os membros do painel, do qual fazem parte ainda João Relvas (IBMC), Tomás Carneiro (Clube Filosófico do Porto) ou Gabriela Vaz-Pinheiro (FBAUP), irão partilhar a sua visão pessoal.

Notas
  1. O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) foi criado em maio de 1989 (Programa Mobilizador de Ciência e Tecnologia) e iniciou as atividades em outubro de 1990. É uma associação científica e técnica privada, sem fins lucrativos e reconhecida de utilidade pública. Inscreve entre os seus objetivos apoiar e promover a Astronomia através da investigação científica, da formação ao nível pós-graduado e universitário, do ensino da Astronomia ao nível não universitário (básico e secundário) e da divulgação da ciência e promoção da cultura científica. Desde 2000 que é avaliado como "Excelente" por painéis internacionais, organizados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
  2. As duas maiores instituições nacionais de investigação em Astronomia, CAUP e CAAUL colaboram cientificamente desde 2007. Esta união de esforços contribuiu decisivamente para tornar as Ciências do Espaço numa das áreas da investigação portuguesa de maior impacto internacional. Atualmente, as duas unidades encontram-se num processo de fusão que dará origem, ainda este ano, ao novo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). O IA englobará cerca de 70% da investigação científica nacional na área.
  3. O PLATO (PLAnetary Transits and Oscillations of stars, ou trânsitos planetários e oscilações estelares) é uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA), que tem como objetivo descobrir quão comum é a formação de planetas como a Terra, e posteriormente, usar esses dados para descobrir se possuem as condições necessárias para o aparecimento de vida. Vai ainda medir oscilações nas estrelas-mãe destes exoplanetas, com técnicas de asterossismologia.
  4. O CHEOPS (CHaracterizing ExOPlanet Satellite, ou satélite de caracterização de exoplanetas) é a primeira missão de classe S (pequena) da ESA. Ficará numa órbita baixa (entre 620 e 800 km), de onde observará estrelas brilhantes, à volta das quais já se conhecem planetas, determinando o diâmetro destes com grande precisão.
  5. O ESPRESSO (Echelle SPectrogaph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) será um espectrógrafo de alta resolução, a ser instalado no observatório VLT (ESO). Tem por objetivo procurar e detetar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida. Para tal, será capaz de detetar variações de velocidade de cerca de 0,3 km/h (ou a velocidade máxima de uma tartaruga das Galápagos a caminhar). Tem ainda por objetivo testar a estabilidade das constantes fundamentais do Universo. O Consórcio responsável pelo desenvolvimento e construção do ESPRESSO é constituído por instituições académicas e científicas de Portugal, Itália, Suiça e Espanha, bem como membros do Observatório Europeu do Sul. Os parceiros portugueses são o CAUP (que lidera também a participação portuguesa) e a FCUL/Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa.
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