Cair para a escuridão

Um raro objecto. (©HST - FORS/VLT – WFI/2.2m ESO/MPG)

11 julho 2006

Ao longo dos últimos anos astrónomos têm descoberto, no Universo longínquo, alguns objectos estranhos, que embora sejam bastante energéticos, são pouco luminosos e cuja dimensão é por vezes bem maior do que a da nossa galáxia.

A exacta natureza destes objectos não é ainda clara para os cientistas e vários são os cenários propostos para explicar a sua existência. As incógnitas acerca destes objectos são tantas que eles apenas designados como "manchas", do inglês "blobs".

Uma equipa de astrónomos do ESO e do Centro de Cosmologia DARK de Copenhaga (Dinamarca), descobriu um novo "blob" a mais de 11.6 mil milhões de anos-luz de distância (redshift = 3.16). Para detectar o "blob" foi necessária uma observação de longa exposição que totalizou cerca de 6 horas. O instrumento usado na observação foi o FORS1, que se encontra instalado num dos telescópios de 8.2 metros do VLT (ESO).

Com um diâmetro de 200.000 anos-luz, este objecto é 2 vezes maior do que a Via Láctea. A energia que emite é equivalente à de 2 mil milhões de Sóis. No entanto, o objecto é invisível em imagens obtidas com telescópios que o observaram desde o infravermelho até aos raios-X, algo que faz dele um objecto bastante peculiar. O "blob" é invisível nesta vasta gama de energias porque emite a maior parte da sua energia sob a forma de uma risca de emissão de hidrogénio Lyman-alpha, enquanto que a emissão no contínuo é muito pequena para ser detectada.

"Tentamos explicar a existência deste "blob" usando as teses mais comuns, como as que explicam a luminosidade de uma galáxia pela actividade do seu núcleo, ou por uma taxa de produção estelar um pouco mais alta do que é habitual, mas nenhum dos casos se aplicava ao nosso objecto", afirmou Kim Nilsson (ESO), principal autor do artigo que anuncia esta descoberta.

"A conclusão a que chegámos foi de que a emissão de hidrogénio observada tem origem na queda de gás primordial na direcção de um "pedaço" de matéria escura. Assim, podemos estar a assistir ao nascimento de uma galáxia de grande massa, semelhante à nossa Via Láctea."

Para mais informações
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-23-06.html