Temos água!

1. Imagens obtidas pelo XMM-Newton (©ESA/MSSL/Optical Monitor team)
2. Imagem obtida pelo instrumento OSIRIS a bordo da sonda Rosetta (©ESA/OSIRIS consortium)
3. Espectro obtido pelo Telescópio Kueyen (©ESO/VLT)
5 julho 2005

Há mais de meio século Fred Whipple, sugeriu o modelo da "bola de neve suja" como uma razoável representação do que seriam os cometas. O núcleo do cometa, retratado por este modelo, seria uma mistura de material orgânico sujo, grãos de poeiras e água. A presença de água gelada parecia natural, uma vez que há muito se sabia que os cometas se tornavam activos quando se encontravam a menos de 2 UA do Sol (1 UA são 150 milhões de quilómetros - a distância entre a Terra e o Sol) - região a partir da qual a temperatura (no vácuo) atinge um valor que permite a sublimação a água.

Em 1970 observações em utravioleta dos cometas Tago-Sato-Kosaka 1969 IX e Bennett 1970 II, detectaram uma grande quantidade de hidrogénio próximo dos cometas. Esta vasta região extendia-se ao longo de milhões de quilómetros. A detecção de OH (oxidrilo) e de H (hidrogénio) - produtos directos do decaimento da água (H2O), veio validar o modelo Whipple.

Com o impacto da sonda norte-americana Deep Impact no cometa Tempel 1 as provas da existência de água começam a surgir. Um dos detectores ultravioleta do observatório de raios-X XMM-Newton (ESA) conseguiu detectar a emissão de iões de OH. Cerca de 4.5 horas após o impacto a emissão de radiação ultravioleta diminuiu o que parece indicar que o seu máximo já passou.

Esta detecção vem confirmar as pré-observações do cometa levadas a cabo pela sonda Rosetta (ESA) e pelo observatório VLT (ESO). A Rosetta, através dos seus instrumentos ALICE e OSIRIS consegiu observar o momento do impacto e calcular a sua magnitude. O telescópio de 8.2 metros Kueyen do VLT observou o Tempel 1 e a partir dos dados recolhidos conseguiu obter espectros de alta resolução, onde a radiação emitida pela molécula OH se detecta facilmente.

O aumento na intensidade da banda de OH era esperado após o impacto, pois uma grande quantidade de gás seria libertada. No entanto, uma incerteza permanecia, pois não se sabia se a quantidade de OH libertado iria ser muito maior para se notar um aumento da sua abundância, pois o cometa por si só já apresenta nos espectros uma grande quantidade de OH. Mas aparentemente a alteração provocada pelo impacto foi suficientemente grande para se notar um claro aumento!

Informações adicionais
http://deepimpact.eso.org
http://deepimpact.jpl.nasa.gov