Mercúrio volta a "ofuscar" o Sol
No próximo dia 8 de Novembro, o planeta Mercúrio passará em frente ao disco solar. Desta vez o bailado planetário não vai ser visível a partir de Portugal, os observadores privilegiados serão os que se encontram no continente Americano, na Austrália, e em todo o Pacífico. Durante o trânsito, que durará cerca de 5 horas, o pequeno, redondo e negro disco do planeta deslizará ao longo da face solar. Apenas uma pequena área da superfície do Sol será escondida por Mercúrio, isto significa que olhar directamente para o Sol continua a ser muito perigoso. O trânsito pode ser acompanhado online através do site de internet do Observatório Espacial SoHO. O planeta Mercúrio é ainda um mistério para os astrónomos. A maior parte da superfície do planeta é ainda desconhecida. Quando, em meados dos anos 70, a sonda espacial Mariner 10 (NASA) passou por Mercúrio, só cerca de 45% da sua superfície foi fotografada. Como será o outro lado do planeta? Terá mais ou menos crateras? Será uma superfície muito diferente? Por enquanto apenas podemos especular. No entanto, existem missões espaciais previstas para o futuro, como é o caso da sonda MESSENGER (NASA), que entrará em órbita de Mercúrio em 2011. Um dos maiores segredos de Mercúrio é o material que se encontra nos seus pólos. Radares terrestres detectaram um forte sinal proveniente das crateras polares. A existência de gelo nos pólos parece ser a explicação preferida pelos cientistas. Enquanto que durante o dia a superfície de Mercúrio atinge temperaturas de 400ºC, a temperatura nas profundas e escuras crateras polares ronda os 200ºC negativos! Se um cometa gelado atingisse uma destas crateras (ou se um as criou), o gelo do cometa, vaporizado no momento do impacto, voltaria a congelar permanecendo no local. Um outro mistério são as "rugas" que existem na superfície do planeta. Os geólogos chamam-lhes escarpas arredondadas - "lobate scarps". São semelhantes às rugas de uma passa, e pensa-se que serão um sinal de "encolhimento". Mercúrio poderá estar a colapsar sobre si próprio, à medida que o seu gigantesco núcleo de ferro arrefece e contrai. Para confirmar esta teoria, a sonda MESSENGER irá produzir um mapa do campo magnético de Mercúrio, cuja origem provém do núcleo do planeta. Se o núcleo está a colapsar é provável que o processo deixe marcas no campo magnético, marcas essas que a sonda tentará detectar e identificar. A sonda tentará também detectar as escarpas na região de Mercúrio ainda não fotografada. Assim será possível perceber se estas formações são um fenómeno global por toda a superfície do planeta ou apenas algo que se limita a algumas regiões. Para mais informações
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