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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
4 agosto 2011

No próximo dia 5 de agosto, a NASA vai lançar a sonda espacial Juno, cujo destino será o planeta Júpiter. O objetivo da missão é responder à pergunta: O que é que existe no interior de Júpiter?

O nosso conhecimento de Júpiter está ainda “à flor da pele”, afirma Scott Bolton (South West Research Institute, San António, Texas, E.U.A.), investigador principal da sonda Juno. Mesmo a sonda Galileo, que penetrou na nuvens de Júpiter em 1995, só conseguiu penetrar até 0,2% do raio do planeta.

Quando olhamos para Júpiter - e não é necessário usar um telescópio com grande ampliação - vemos, as suas nuvens, mas perceber o que se passa no interior do planeta escapa ainda aos cientistas. Existem muitas coisas básicas que os cientistas gostariam de saber, como por exemplo: qual a profundidade da Grande Mancha Vermelha; qual a quantidade de água que existe em Júpiter; que material existe perto do núcleo do planeta?

A sonda Juno, que chegará a Júpiter em 2016, tentará responder a algumas destas questões. Ela passará um ano a orbitar o planeta gigante do sistema solar; em algumas ocasiões ficará apenas a 5.000 quilómetros acima das nuvens do planeta. A trajetória de voo da sonda foi desenhada para cobrir todas as latitudes e longitudes, para assim ser possível a produção de um mapa do campo gravitacional de Júpiter e assim perceber como o interior do planeta está estruturado.

Júpiter é principalmente composto por hidrogénio, mas só as camadas exteriores terão uma composição gasosa. No interior de Júpiter, os cientistas pensam que as altas temperaturas e pressões extremas transformam o gás num tipo de matéria algo exótico, conhecido como hidrogénio metálico líquido - um tipo de hidrogénio líquido, que é semelhante ao mercúrio de um termómetro tradicional.  O poderoso campo magnético de Júpiter tem origem num dínamo que provém de um fluido condutor que existirá no interior do planeta.

"Os magnetómetros da Juno produzirão um mapa do campo magnético de Júpiter", afirma Bolton. "O resultado irá ajudar-nos a perceber como funciona o dínamo magnético e qual o papel do hidrogénio metálico líquido na sua produção. Os sensores a bordo da Juno poderão medir a temperatura e a quantidade de água que existe a profundidades 50 vezes maiores do que a sonda Galileo conseguiu medir."

A quantidade de água tem particular interesse. Existem duas teorias relacionadas com a origem de Júpiter: uma afirma que Júpiter se terá formado na região onde atualmente está, enquanto que a outra sugere que Júpiter se terá formado longe do Sol, e lentamente migrou para o local onde agora se encontra. As duas teorias apontam para a existência de uma diferente quantidade de água no interior de Júpiter, o que quer dizer que uma medição da sonda espacial Juno poderá resolver esta questão ou simplesmente descartar as duas teorias.

A sonda Juno também passará nas regiões polares de Júpiter e assim terá a oportunidade de observar as mais intensas auroras do sistema solar. Ao contrário das auroras da Terra, que são desencadeadas pela atividade solar, as auroras de Júpiter têm origem o próprio planeta. A fonte de energia parece ser a rotação - embora Júpiter tenha um diâmetro dez vezes superior ao da Terra, orbita em torno do seu eixo 2,5 vezes mais depressa - um dia em Júpiter são cerca de 10 horas! Ao girar um íman - e Júpiter é um íman gigante - produzimos um gerador elétrico. Campos elétricos induzidos aceleram partículas na direção dos pólos de Júpiter onde têm lugar as auroras. Muitas das partículas que caem nos pólos de Júpiter parecem ter origem nos vulcões de Io.

Para mais informações
NASA Science News

Ilustração: A sonda espacial Juno. (©NASA/JPL)