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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
9 fevereiro 2006

O enxame globular de estrelas M12 é um dos 200 enxames globulares que existem na Via Láctea. Estes enxames são grandes associações estelares alguns podem ter apenas dezenas de milhares de estrelas, enquanto que outros contêm milhões de estrelas que se formaram ao mesmo tempo, quando a Via Láctea ainda era jovem, há 12 ou 13 mil milhões de anos atrás.

Os enxames globulares são uma ferramenta fundamental para os astrónomos, pois as estrelas de um enxame partilham a mesma história: todas nasceram juntas, ao mesmo tempo e no mesmo local, a única diferença entre elas será a massa. Se medirmos com exactidão o brilho de cada estrela, o seu tamanho relativo pode ser determinado e assim os astrónomos podem perceber a evolução de cada um dos elementos do enxame. Por isso, os enxames globulares são ideais para compreender como se formam e evoluem as estrelas.

O enxame M12 encontra-se a 23.000 anos-luz do Sol, na direcção da constelação de Ofiúco. Também designado como NGC 6218, este enxame contém cerca de 200.000 estrelas cuja massa varia entre 20% a 80% da massa do Sol.

"Na vizinhança do Sol e na maior parte dos enxames de estrelas, as estrelas mais comuns são as de pequena massa", afirmou Guido De Marchi (ESA), que chefiou a equipa de investigação que observou o enxame M12 com o espectrógrafo FORS-1, que se encontra instalado no telescópio ANTU - unidade Nº1 do VLT (ESO). Com a ajuda deste instrumento foi possível detectar estrelas 40 milhões de vezes mais ténues do que as mais ténues que os nossos olhos conseguem observar a olho nu.

Com esta observação verificou-se que o exame M12, ao contrário de outros, não tem muitas estrelas de pequena massa. "Por cada estrela do tipo solar encontrada esperávamos detectar 4 com metade desse valor para a massa. As observações com o VLT mostraram um igual número de estrelas de diferentes massas." afirmou De Marchi.

Os enxames globulares movem-se em órbitas elípticas que os levam, de forma periódica, desde do disco da Via Láctea, que é densamente povoado, até ao halo da galáxia, que é uma região mais vazia. A aproximação de regiões mais densas poderá perturbar um enxame globular de tal forma que as suas estrelas de menor massa são literalmente dele arrancadas.

"Estimamos que o M12 tenha perdido 4 vezes mais estrelas do que as que agora o constituem", afirmou Francesco Paresce (INAF, Itália), investigador da equipa. "Ou seja, cerca de 1 milhão de estrelas já foi ejectado na direcção do halo da Via Láctea."

O enxame M12 continuará a existir durante mais 4.5 mil milhões de anos, o que será, aproximadamente, um terço da sua idade actual. Comparado com o tempo de vida esperado de um enxame globular (30 mil milhões de anos), este valor é francamente inferior. Embora esta não seja uma descoberta inédita - a mesma equipa de investigadores em 1999, detectou um enxame globular que tinha perdido uma grande quantidade das suas estrelas originais - é necessário prosseguir com as observações, pois só assim perceberemos como os exames globulares podem sofrer perturbações que levem à perda de estrelas e também a dinâmica no halo da Via Láctea.

Para mais informações
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-04-06.html

1. A região central do enxame M12. (©ESO) 2. Impressão artística da órbita do enxame globular M12. (©ESO)