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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
20 agosto 2008

No início do ano uma equipa de astrofísicos liderada por Johnny Setiawan (Max Plank Institut for Astronomy, Alemanha) anunciou na revista Nature a descoberta de um planeta gigante de curto período a orbitar a TW Hydrae, uma estrela muito jovem (~10 milhões de anos) de tipo T Tauri. Esta descoberta foi baseada em medidas de velocidade radial, obtidas com o espectrógrafo FEROS, no telescópio de 2.2-m em La Silla (ESO). Tratava-se de uma descoberta de grande importância com impacto na nossa compreensão sobre as escalas de tempo de formação de planetas gigantes. Pela primeira vez foi detectado um planeta gigante a orbitar uma estrela jovem, ainda com o seu disco proto-planetário. Ou assim se pensava...

Agora, uma equipa internacional que inclui dois astrofísicos do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto publicou um artigo em que coloca em dúvida a existência do planeta anunciado pela equipa do Max Plank. Os astrofísicos observaram a estrela usando uma panóplia de instrumentos e telescópios (tais como o espectrógrafo CRIRES, no VLT, e o espectrógrafo CORALIE, no telescópio Suíço do observatório de La Silla, ESO), para obter novas medidas de velocidade radial em comprimentos de onda visíveis e do infra-vermelho. Juntamente com uma série de modelos de manchas estelares, os resultados mostram que as variações de velocidade radial observadas por Setiawan et al. não se devem à presença de um planeta, mas sim à existência de enormes manchas escuras na superfície da estrela.

As manchas escuras são capazes de induzir variações na velocidade radial semelhantes às observadas se um planeta orbitasse a estrela. No entanto, e ao contrário do caso de um planeta, no caso das manchas a amplitude da variação depende do comprimento de onda observado, ou mesmo da forma como medimos a velocidade radial. O contraste entre uma mancha escura e a restante foto-esfera estelar depende do comprimento de onda.

Estes resultados ajudaram os astrofísicos a melhor compreender os fenómenos de actividade estelar, bem como a desenvolver novas formas de os diagnosticar.

Imagem artistica de uma estrela com disco (© stsci)