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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
30 março 2011

A 29 de março de 1807 o astrónomo alemão Heinrich Wilhelm Olbers descobriu no céu uma minúscula pinta branca - era o asteroide Vesta. Duzentos e quatro anos mais tarde, a sonda espacial Dawn da NASA, prepara-se para entrar em órbita deste pequeno e misterioso mundo.

Muitos astrónomos consideram Vesta um asteroide simplesmente porque está na Cintura de Asteroides, que se encontra entre Marte e Júpiter. Mas Vesta não é um típico membro desta região pois a maior parte dos asteroides tem menos de 100 quilómetros de diâmetro, enquanto que Vesta é um “peso pesado” com um diâmetro de 530 quilómetros.

A estrutura interna de Vesta é constituída por núcleo, manto e crusta, o que faz dele um astro mais parecido com um planeta como a Terra, Vénus ou Marte, do que com outros asteroides. Como os planetas, Vesta tinha material radioativo, em quantidade suficiente, no seu interior quando se formou (fundiu) o que libertou calor, derreteu rocha e permitiu que camadas mais leves se deslocassem até junto da superfície - a este processo os cientistas chamam diferenciação.

Um dos investigadores da equipa da sonda Dawn, Tom McCord foi, juntamente com outros colegas, um dos primeiros a descobrir que o interior de Vesta era diferenciado, quando em 1972 detetores instalados nos telescópios com que trabalhavam detetaram a existência de basalto em Vesta. Isto significava que Vesta tinha sofrido algum tipo de fusão no passado.

Oficialmente Vesta é um ‘planeta menor’, um corpo que orbita o Sol mas que não é um planeta ou um cometa. No entanto, existem mais de 540.000 planetas menores no Sistema Solar, o que não dá nenhum tipo de estatuto especial a Vesta. Os planetas anões, como é o caso de Ceres - que também será visitado pela Dawn - são ainda uma outra categoria de objetos, mas Vesta não tem dimensão suficiente para ser considerado um planeta anão. Os cientistas da Dawn preferem pensar em Vesta como sendo um protoplaneta, porque é denso, tem uma estrutura interna em camadas, orbita o Sol e terá tido um passado semelhante ao dos planetas interiores, mas por qualquer razão que por enquanto se desconhece, nunca se desenvolveu completamente.

No início da formação do sistema solar os objetos transformaram-se em planetas por sucessivas colisões com outros objetos da dimensão semelhante à de Vesta. Parece que Vesta nunca encontrou um parceiro com o qual pudesse colidir para assim aumentar o seu tamanho, e o tempo crítico para que isto acontecesse acabou por passar. Algo que poderá ter contribuído para isto é a presença de Júpiter, pois a sua força gravitacional acaba por perturbar toda aquela região, impedindo que a matéria se reuna.

Ao longo do tempo foram colidindo com Vesta muitas rochas espaciais, e algumas delas conseguiram inclusivamente arrancar-lhe pedaços. Estes detritos da cintura de asteroides são os Vestoides e algumas centenas acabaram mesmo por cair na Terra como meteoritos. Mas Vesta nunca colidiu com algo suficientemente grande para quebrar ou partir e por isso permaneceu intacto. Acaba então por ser uma cápsula do tempo de uma era longínqua.

“Este pequeno protoplaneta sobreviveu a um intenso bombardeamento de asteroides ao longo de 4,5 mil milhões de anos, o que faz da sua superfície uma das mais antigas superfícies planetárias do Sistema Solar.”, afirma Christopher Russell - investigador chefe da sonda Dawn. “Estudar Vesta permitirá conhecer melhor a história da turbulenta juventude do Sistema Solar”.

A sonda espacial chegará a Vesta em julho, altura em que o polo Sul do asteroide estará completamente iluminado pela luz do Sol, o que dará aos cientistas oportunidade para estudar uma grande cratera que existe nesta região. A cratera poderá revelar um pouco acerca da estrutura interna de Vesta e também algo sobre a sua evolução desde a sua formação. A órbita da Dawn foi desenhada para que se conseguisse - ao longo dos 12 meses de estadia em órbita de Vesta - produzir um mapa detalhado e de alta resolução da superfície com informação acerca da composição, topografia e textura.

Para mais informações
NASA Science News
AstroNotícia - A caminho do asteroide Vesta
Smithsoniam Museum of Natural History - Como se forma um planeta

1. Modelo de Vesta (NASA/JPL - Caltech/UCLA/PSI)
2. Esquema: como se forma um corpo rochoso (Smithsonian National Museum of Natural History)
3. Ilustração da sonda espacial Dawn a deixar a Terra. (McREL)