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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
22-26 August 2011, Porto, Portugal

 

Aleatoriedade no Universo?
Paul Shellard (University of Cambridge)

O modelo do Big-Bang, que descreve o nosso Universo, tem sido de tal forma suportado por observações, que hoje se designa por modelo cosmológico padrão. A melhor evidência em favor deste modelo provém da radiação cósmica de fundo, radiação fóssil que teve origem na explosão inicial do Big Bang. Mais recentemente os cosmólogos adicionaram ao modelo padrão a inflação, ou seja, uma época de crescimento exponencial que terá acontecido nas primeiras frações de segundo após o início do Universo. A inflação tem como consequência a criação aleatória de flutuações em torno das quais galáxias e outras estruturas se podem desenvolver posteriormente. De facto, a inflação prevê que estas sementes sejam puramente aleatórias para cerca de uma parte num milhão (ou seja, as suas propriedades estatísticas seguem exatamente a chamada Curva de Bell ou distribuição normal). Esta previsão é sem dúvida o teste mais rigoroso do modelo cosmológico padrão e a teoria será minuciosamente examinada por novas experiências levadas a cabo pelo satélite Planck e futuras missões que estudem galáxias longínquas.
A descoberta de algo não aleatório abrirá uma nova janela para a física do Universo primordial.

 

Breve biografia
Paul Shellard é catedrático de cosmologia e diretor do Centro para Cosmologia Teórica do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica da Universidade de Cambridge. O seu trabalho de investigação tem como objetivo promover o confronto entre as teorias do Universo primitivo e a cosmologia empírica; foca-se particularmente nas flutuações primordiais relacionadas com a formação de estruturas de grande escala. Pesquisas em curso sobre a ciência que pode ser extraída da radiação cósmica de fundo incluem trabalho em testes críticos que distinguem diferentes modelos inflacionários e a identificação das diferentes assinaturas associadas com cordas cósmicas. Paul Shellard é membro da equipa HFI Core do consórcio do satélite Planck, onde lidera um projeto relacionado com Non-Gaussianidades. Coordena, desde o seu início em 1997, o projeto do super computador COSMOS (UK National Comsmology Superecomputer), que é uma ferramenta essencial para o progresso quantitativo da cosmologia teórica.