Mapa do Site
Contactos
Siga-nos no Facebook Siga-nos no Twitter Canal YouTube
Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
Estudando o interior das estrelas

Através de uma técnica conhecida entre os astrónomos por astero-sismologia, a missão espacial CoRoT deverá, pela primeira vez, revelar detalhes do interior de estrelas que estão ara além do nosso sistema solar, bem como esclarecer aspectos relacionados com a sua evolução.

Na generalidade dos casos, o interior de uma estrela é tudo menos estático. Uma das consequências do movimento do plasma que constitui o interior das estrelas, é a produção e propagação de ondas ressonantes. Estas ondas provocam alterações periódicas de diversas propriedades que caracterizam a estrela, como, por exemplo, o seu brilho. Tal como num instrumento musical, as 'notas' de uma estrela - isto é, os seus modos próprios de oscilação - dependem do tamanho e das características da cavidade na qual as ondas se propagam. Numa estrela, essa cavidade é o seu interior, ou parte dele. Consequentemente, através da astero-sismologia - isto é, do estudo dos modos próprios de oscilação de uma estrela - os astrónomos conseguem extrair informação proveniente de regiões que estão para lá da superfície estelar.

Ao longo das últimas décadas, o estudo das oscilações solares - conhecido por hélio-sismologia - resultou num avanão, sem precedentes, do conhecimento do interior do nosso sol. Infelizmente, a detecção de pequenas variações de brilho é muito mais difícil em estrelas distantes. Na realidade, o ruído gerado pela atmosfera terrestre torna impossível a detecção, a partir da Terra, de variações de brilho associadas à presença de oscilações em outras estrelas semelhantes ao Sol.

Em órbita para lá da atmosfera terrestre, o CoRoT não só conseguirá detectar variações de brilho tão pequenas como as esperadas em estrelas do tipo solar, como permitirá monitorizar essas variações, de forma contínua, por longos períodos de tempo. Esta observação, longa e contínua, é essencial para caracterizar os modos de oscilação de cada estrela - isto é, os seus períodos, amplitudes e tempos de vida - e, consequentemente, garantir o sucesso do estudo sismológico da mesma.

A componente de astero-sismologia da missão CoRoT está dividida em duas partes, designadamente, o programa central e o programa exploratério. O programa central consistirá na observação da mesma região do céu - e, consequentemente, das mesmas estrelas - durante 150 dias consecutivos. Pelo menos 5 regiões diferentes do céu serão observadas durante este programa, permitindo o estudo detalhado de cerca de 50 estrelas, escolhidas com base no seu potencial retorno científico. Por seu turno, o programa exploratério consistirá em observações menos extensas - cada uma com a duração de 20 dias - de estrelas de diferentes massas, idades e composições químicas, e tem como objectivo principal obter informação que permita melhorar o entendimento geral da evolução estelar.

As estrelas são um dos principais constituintes do Universo e o único que reúne as condições necessárias para a produção da grande maioria dos elementos químicos existentes. Para além disso, compreender as estrelas é um passo essencial para compreender fenómenos relacionados com as mesmas, como, por exemplo, a formação de sistemas planetários e, particularmente, de planetas semelhantes à Terra. Através do seu modo de 'olhar' o interior das estrelas, o CoRoT deverá, por isso, abrir uma nova porta no entendimento não só dos mistérios das estrelas, mas dos mistérios do Universo como um todo.